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Começamos a ouvir musica, sempre por influência de algum amigo ou parente. Os primeiros discos que tive me foram dados por um grande amigo que já se foi, e estão entre os que mais escutei na vida, e vez por outra ainda os escuto. Claro, não são fisicamente os mesmos, pois a midias evoluiram e já não usamos os mesmos velhos discos de vinyl.
Mauro tinha uma boa coleção de discos, no anos setenta e oitenta, e os seus discos eram muito cobiçados por mim que vivia pedindo-os emprestado. Fazia uma grande caminhada até sua casa por vezes para buscar algum disco, e repetia isso várias vezes no mesmo ano, por vezes com o mesmo disco. Alguns ele não deixava ficar muito tempo na minha casa e logo os resgatava, como é o caso de "Clear air turbulence" da Ian Gillan Band, pois esse era pouco encontrado nas lojas, por ter tido uma distribuição não muito grande, e por não ter caido no gosto do público rockeiro, visto que era um álbum com influências de jazz e fusion.
Rory Gallagher, somente conhecíamos através do Transasom, programa de televisão da RBS, pois não haviam discos nacionais dele, mas em uma viagem ao Rio de Janeiro, Mauro tratou de comprar dois exemplares: "Against the grain e Photo finish" ótimos, que logo estavam comigo. Esses dois chegaram a me pertencer, depois nos anos oitenta eles sumiram. Do Credence Clear Water Revival, Mauro deu-me o incrível "Green River" que guardei durante longos anos. Outro disco que transitava muito entre minha casa e a de meu amigo, foi "The progressive blues experiment" de Johnny Winter, que de tanto ir e vir, uma vez sucumbiu quando Mauro o trazia para mim, caindo de sua moto, e causando lhe um arranhão que quase acabaram com o disco, que tinha a excelente "My own fault" de KIng e Taub.
Em nossas festinhas de aniversário no trabalho, era comum trocar-mos presentes, pois faziamos aniversário juntos, e tal era nossa interação que no aniversário de 20 anos, nos presenteamos com duas cópias idênticas, compradas na mesma loja, sem sabermos, de "Comes tastes the band" do Deep Purple. Outra vez ganhei no aniversário "Take it Home" de B.B. KIng. Mas não lembro qual dei a Mauro.
Um dia nos encontramos no ônibus vindo de Porto Alegre, eu tinha ido a trabalho, e ele matou o serviço e foi atrás para me encontrar, mas somente nos vimos na volta, portando dois discos novos. Eu com "Jazz" do Queen, e Mauro com o primeiro disco solo de David Gilmour.
Na década de 2000, acabei vendendo um a um todos os discos que me restavam para o Mauro, que volta e meia ia na minha casa, escolhia o disco e ele mesmo fazia o preço, sem me dar alternativas. Por essa época eu já não mais escutava em vinyl, e Mauro os adorava, tendo aumentado bastante sua coleção, antes de seu desaparecimento em 2008.
Não sei o que foi feito com os discos do Mauro depois de sua partida, mas se eu parar um momento, sou capaz de lembrar de todos eles, de suas capas e do jeito que ele os guardava em um velho móvel de eletrola antiga. Como foi bom ter podido compartilhar desses discos nos últimos dias de vida dele, pois aos domingos sempre nos encotrávamos para escutá-los em sua casa. Sempre que eu escuto música lembro do meu amigo, talvez seja a forma que encontrei de homenageá-lo e mantê-lo na lembrança.
Um dia a gente se vê.