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Generalidades com Especificidade

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sexta-feira, 22 de outubro de 2010

A Àrvore de Cachimbos


Eu tinha cerca de 4 anos, e morava em um dos lugares mais bonitos de que tenho memória, era um lugar de imensas plantações de arroz às margens da Lagoa Mangueira na localidade de Curral Grande, área rural de Santa Vitória do Palmar. Os mais incríveis invernos de minha vida foram passados alí. O lugar muito frio e úmido no período de inverno valeu aos moradores o apelido de "mergulhões". Nas épocas de frio com a cheia das lagoas Mirim, Patos e Mangueira o lugar se torna uma espécie de Holanda, visto que está situado entre elas, e tudo se torna um imenso alagado, ainda mais com as intensas movimentações de agua para o esgotamento das lavouras de arroz para a colheita. Eu morava ema especie de vila dos trabalhadores das plantações, onde haviam muitas máquinas agrícolas, famílias e movimentação de pessoal. Nas épocas de arregimentação de trabalhadores então, o lugar ficava cheio de gente nova e pessoas interessantes. Era uma outra época e as comunicações eram feitas somente através de radio amador, ou carta. Quando se precisava de alguma coisa, seja alimento, ferramentas ou equipamentos, ou até mesmo recursos médicos o jeito era ir até a cidade mais próxima, através de estradas rurais de péssima conservação ou recorrer ainda aos atalhos, que eram caminhos abertos entre as propriedades, os conhecidos "corredores".

Havia muita movimentação de máquinas, e para a manutenção dessas era necessário pessoas qualificadas para tal, então havia um imenso e organizado galpão onde funcionava a oficina da fazenda, que era perto da casa principal, quase à sombra de uma imensa e centenária figueira. O mecânico responsável era um senhor muito magro e simpático, que agora esqueço o nome, mas que tinha o habito de fumar cachimbo, usava uma boina preta que lhe dava um ares de um velho marinheiro. Era sempre muito sorridente e ágil e sempre que eu ia com meu pai na oficina, eu lhe pedia o caximbo, ao qual ele se dava ao trabalho de apagar, retirar o restos de fumo, limpava o bocal e dava para eu brincar. Quando eu lhe pedia que conseguisse um para mim, ele paciente e sorridentemente explicava-me que um dia que tivesse tempo iria buscar um, que ficava em uma árvora a beira da lagoa onde cresciam os caximbos. Eu esperei pacientemente por meses, imaginando aquela árvore frondosa carregadinha de caximbos. lógico o caximbo nunca veio, por razões lógicas, mas até hoje tenho gravado ma memória a árvore de caximbos que imaginei, e não esqueço da velha figura do mecânico manipulando suas ferramentas e fumando aquele caximbo com sua indefectível bona preta.



" O ministério da saúde adverte: Fumar é prejudicial à saúde"






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