quinta-feira, 14 de dezembro de 2017
Mulata do Trensurb
O que as outras buscam loucamente nos cosméticos, laboratórios e academias, a natureza de deu de sobra!
sexta-feira, 1 de dezembro de 2017
Canção da América (Nascimento e Brant)
Amigo é coisa para se guardar
Debaixo de sete chaves
Dentro do coração
Assim falava a canção que na América ouvi
Mas quem cantava chorou
Ao ver o seu amigo partir
Mas quem ficou, no pensamento voou
Com seu canto que o outro lembrou
E quem voou, no pensamento ficou
Com a lembrança que o outro cantou
Amigo é coisa para se guardar
No lado esquerdo do peito
Mesmo que o tempo e a distância digam "não"
Mesmo esquecendo a canção
O que importa é ouvir
A voz que vem do coração
Pois seja o que vier, venha o que vier
Qualquer dia, amigo, eu volto
A te encontrar
Qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar
sábado, 25 de novembro de 2017
terça-feira, 7 de novembro de 2017
A Francesinha da Cohab
Eu a encontrei pela primeira vez a noite, perambulando pelo centro da cidade. Me contou que estava sozinha por ali e que havia deixado o marido cuidando da filhota de poucos meses. O marido não se importava que vez por outra, (ela era mais jovem) ela saísse sozinha e arrumasse companhia. Nos entrosamos rapidamente, e logo ela já falava de suas preferências sexuais. Ela pediu-me que a acompanhasse até perto de sua casa, pois o caminho era longo e escuro, a Cohab ficava quase na área rural da cidade. Caminhamos pela noite conversando e dando risada, ela me disse que estava tomando pílula anticoncepcional, e que não sabia por que, pois havia meses que o marido não a procurava para transar, desde que ganhara a filha. Eu lhe disse que era para aquele momento talvez, e a beijei no rosto. A meio caminho ela me puxou pelo braço e adentramos no matagal, em uma clareira gramada fizemos amor diversas vezes sob o luar maravilhoso do início de novembro. Ela demonstrava perícia e desenvoltura no ato, chupava como louca e engolia meu sêmen com prazer, curtia anal e se deliciava com minhas investidas orais, mas curiosamente não gozou nenhuma vez, apesar de meus esforços, mesmo que por vezes quase desfalecesse de tanto prazer. Mas tarde me confessou que nunca gozara, que não conhecia o tal ápice do orgasmo tão alardeado por tantas amigas, mas que sentia muito prazer durante o ato de amor. Apesar dos riscos daquele início de anos oitenta, transamos sem qualquer proteção, ela cheirava bem e era limpa, sua vagina perfumada e bem cuidada e eu correspondi a todos os quesitos de higiene também. Ficamos muito amigos, depois a vi algumas vezes e então passaram se longos anos sem que eu a visse ou tivesse notícias, mais tarde através de sua filha e um sobrinho meu ficamos "parentes", sou tio avô de sua neta, nunca tocamos nesses assunto, mas quando nos olhamos existe muita cumplicidade naquela troca de olhares. Nesse mes de novembro, fazem 33 anos mais ou menos de nosso primeiro encontro, nunca esquecerei aquela noite, e como ela sempre dizia:
_É o karma!
Ela era e é uma graça.
sexta-feira, 27 de outubro de 2017
sexta-feira, 22 de setembro de 2017
O meia-foda
Logo que o carro deles estacionou na frente da casa, assim que os pais dela saíram, os dois entraram rápidos e sem falar muito, a porta se fechou com uma batida as suas costas. Em menos de dez minutos ela gemeu alto, um quase balido, vindo do fundo de sua alma. Percebi que ela não transava a semanas, tal o seu griteiro. Haviam se passado menos de vinte minutos quando ela começou uma nova sessão de gemidos, agora frenéticos e ansiosos, urrava como uma onça no cio, curioso subi em uma cadeira e acessei a janela no muro que divide nossos pátios e pude vê-los na cama: Ele dormia virado para a parede, ela se masturbava com sofreguidão, saliva escorrendo pelo canto da boca, gozando como uma cadela, a colcha azul claro empapada com seu líquido viscoso, os lábios entreabertos, o cabelo desgrenhado e volumoso grudado no suor. Aquele babaca mal conseguira dar uma foda, se fodia a semana inteira naquela oficina de merda, estava exausto.
sábado, 16 de setembro de 2017
O Astronauta no Celeiro
Entrei por um velho portão de
madeira de cerca de um metro e meio de altura, as dobradiças rodaram nos eixos
sem ranger, mostrando que estavam bem engraxadas. As madeiras velhas e fortes
não mostravam nenhum traço de apodrecimento, um cachorro me olhou assustado e
voltou a dormir enrodilhado na sombra de um antigo cinamomo carcomido pelo
tempo.
Segui por uma trilha sinuosa no
meio do capinzal, os pedregulhos do chão pareciam crocantes no solado das
minhas botinas, muitas laranjeiras cercavam todo o caminho. Passei por uma
antiga casa em estilo colonial muito simples, grande ela tinha as paredes bem
caiadas que brilhavam ao sol com a alva característica da cal. Mais adiante me
deparei com outra construção, essa de madeira, também muito grande e alta, com
as tábuas das paredes dispostas de forma horizontal e longitudinalmente, no
estilho americano de construir, parecendo um antigo celeiro, ou galpão de
estância. Uma das folhas da porta entreaberta balançava suavemente com a brisa
morna daquela tarde quente, pela grande fresta pude ver uma velha maquina na
sombra. Ouvi um som de música e continuei, dando mais uns passos. Em uma sombra
projetada pela alta cumeeira daquele galpão, um homem trabalhava debaixo de um
velho trator, manejando com destreza uma enorme chave inglesa, tendo a seus pés
um banquinho com um rádio tocando uma música suave, a qual ele acompanhava
assoviando, enquanto trabalhava. Fiquei a observar a cena, quando subitamente a
peça em que ele mexia se soltou e foi seguida por um jato de óleo queimado que
quase atinge seu rosto. O homem com agilidade afastou-se de lado ao mesmo tempo
em que aparava o líquido viscoso com uma espécie de recipiente de lata,
colocando-o exatamente na direção de onde o liquido se esvaía. Feito isso se
arrastou sem dificuldades para fora, levantando-se com igual agilidade, nisso
percebi que era bem velho, apesar da jovialidade dos gestos. Olhou-me um pouco
espantado, a longa franja do cabelo escasso, vermelha soprou com o vento
revelando a tez queimada pelo sol, gotas de suor empapando a testa enrugada e
judiada pelo tempo. Estendeu a mão com um sorriso leve e cordial, retribuí.
_Olá! Meu nome é Iuri, com “I”, é
mais fácil de escrever do que com “Y”. Disse.
_Boa tarde, Procuro por uma peça
de metal, que possa servir como grelha, ou um disco que possa ser levado ao
fogo para fritar ou cozinhar carnes, indicaram-me seu estabelecimento. Ele riu.
_Estabelecimento? É apenas minha
casa e minhas bugigangas e velharias como eu. Mas siga-me, vamos ver o que
achamos.
Seguiu em frente com passos
largos e firmes, os sapatos rotos fazendo rodilhas de poeira no chão batido e
estorricado, eu o seguia com dificuldade, observando sua sombra se deslocando
no gramado irregular que ladeava o caminho. Chegamos a um depósito cercado, mas
com um a entrada livre onde havia muitas peças de ferro-velho e uns dois
automóveis semi desmontados. Em um dos lados observei um grande objeto,
cilíndrico e cônico, como uma enorme maquina de lavar dessas antigas, com
aquela abertura circular típica, por onde poderia passar sem muito sacrifício
uma pessoa. Dentro pude observar que havia uma espécie de “cockpit” em frente a
um painel com diversos furos, de onde parece que haviam sido retirados diversos
instrumentos eletrônicos, ficando apenas pontas de fios e marcas de pancadas. Perguntei-lhe:
_O que é isso?
_Uma das bugigangas que a mãe pátria me deu quando me mandou
para a América do sul, disseram que era um presente e o pagamento pelos meus serviços
prestados.
Pendurado em um lugar daquela coisa, pendia um capacete com
a sigla C.C.C.P, e logo abaixo em caracteres menores as letras Y.G. sublinhadas
e com uma patente que não soube traduzir. Espantado balbuciei:
_O senhor é... digo... seu nome...
_Isso meu jovem, sou o velho Yuri Gagarin.
_Mas... mas... Gagarin não morreu em 1968?
_Sim. Na mãe pátria, sim.
Disse contendo um espirro, em seguida deu um largo sorriso mostrando os dentes fortes e amarelados, a franja vermelha soprou com o vento, me alcançou uma peça de ferro enferrujada parecida com uma bateia de garimpo e completou:
Disse contendo um espirro, em seguida deu um largo sorriso mostrando os dentes fortes e amarelados, a franja vermelha soprou com o vento, me alcançou uma peça de ferro enferrujada parecida com uma bateia de garimpo e completou:
_Isso serve? Perguntou, me olhando com sinceridade. Seus profundos olhos azuis me pareceram a terra quando vista do espaço.
sexta-feira, 8 de setembro de 2017
domingo, 3 de setembro de 2017
Relógio de Sol
“Os anos mudam as nossas opiniões, da mesma forma que alteram a nossa fisionomia.”Marquês de Maricá
Naqueles
dias, as tardes eram tão longas que parecia que o dia nunca ia acabar, mas
acabava, pois ansiava pela chegada da noite e os seriados e filmes da
televisão.
Marú e eu tínhamos uma amizade imensa, na qual
compartilhávamos todas as atividades do dia a dia: estudo, brincadeiras,
bicicletas e todas as invencionices que a juventude permite. Em muitas
atividades, sobretudo aquelas mais perigosas, tínhamos a consultoria e
assistência de seu pai, que nos ajudava a fazer brinquedos, ferramentas e nos
indicava lugares onde achar materiais e livros nos quais pesquisar. Não passava
um dia sequer sem que criássemos alguma coisa, nem que fosse um projeto, um
desenho e sobre ele gastávamos horas a fio discutindo, melhorando e divagando
sobre as possibilidades do invento, ou brincadeira. Nos finais de tarde,
cansados nos sentávamos a sombra de um velho e carcomido cinamomo no pátio, ou
então em um velho sofá na garagem mergulhávamos na leitura das inúmeras
enciclopédias do seu pai, revistas e livros que em volume crescente iam saindo
de dentro da casa e ocupando um grande cômodo da garagem, muito iluminado e
aquecido pelo sol, ideal para os dias de inverno. Foi num dia desses, bem
ensolarado que observamos através das frestas das tábuas brutas da parede, que
as réstias de sol projetadas no assoalho se movimentavam à medida que as horas
iam passando, seguindo sempre na direção oposta a trajetória que o sol fazia lá
fora. Tivemos a idéia de fazer marcas no assoalho, primeiro com lápis, depois
com tinta. Escolhemos um dos fachos de luz, o que mais tempo alcançava e de
hora em hora em traçávamos uma linha longitudinal na linha divisória entre a
luz e a sombra. Depois a cada dia íamos subdividindo essas marcas, em meia
hora, um quarto de hora e pequenas divisões a cada minuto. Essas últimas se
tornaram mais imprecisas, devido a minúcia que deveriam ser traçadas. Depois
percebemos que através desse “relógio” tosco, podíamos prever com exatidão o
soar de uma sirene a vapor de uma fábrica perto e também à hora em que a mãe de
Marú nos chamava para o lanche da tarde, era infalível e passamos a viver quase
que exclusivamente de sincronizar acontecimentos temporais diários com o nosso
marcador de tempo. Dessa forma passamos todo o período das férias escolares,
sendo que as vezes o pai de Marú passava para perguntar as horas e “acertar”
seu velho relógio de pulso, um Tissot, Suíço de mais de trinta anos, imagino
que aquele relógio precisasse muito do nosso para andar na linha. Por essa
época notamos que com o passar das estações, as marcações que tínhamos feito
não se alinhavam tão justamente com as réstias de luz e logo percebemos que a
posição do sol devido a rotação da terra ia alterando nossas marcas, as horas
já não eram indicadas com a precisão das primeiras semanas, e logo que o outono
chegou as horas estavam completamente fora de sincronia, precisamos atualizar
os riscos, o que gerava uma nova série de marcas sobrepostas que confundiam a
aferição. Quando as férias escolares de inverno chegaram, nosso envolvimento
com o assunto relógio de sol tomava grande parte de nossas conversas e em
determinado momento chegamos a conclusão de que precisávamos de um relógio que
levasse em consideração as estações do ano e as posições alternadas que o sol
ia tomando ao longo delas. Estávamos crescendo e amadurecendo nossa maneira de
perceber as coisas, o relógio de sol, vejo agora com a distância dos anos,
permitia até mesmo esse tipo de aferição, pois na medida em que o experimento
cobrava maior aprofundamento e resolução dos problemas, éramos impulsionados a
resolvê-los e dessa forma evoluíamos juntamente com nossa criação.
Os dias passavam com peculiar lentidão quando não nos
reuníamos para tratar de nosso relógio, e as tarefas mais corriqueiras do dia
se tornavam um suplício, quando não relacionadas a isso. Por esse período Marú
começou a enfrentar problemas familiares, devido as suas faltas freqüentes as
aulas. O colégio parecia não lhe interessar mais, visto que passava as manhas
inteiras em um “autorama”, um pequeno estabelecimento que oferecia uma enorme
pista de corrida com ótimos carrinhos elétricos de fórmula 1. Nosso projeto do
relógio do sol, também estava indo de forma mais lenta, mas sempre que eu ia na
casa de Marú, fazíamos desenhos e projetávamos alguns designs possíveis para o
projeto. Essas reuniões passaram a não ser tão agradáveis, pois os seus pais estavam
reprovando o seu comportamento escolar e deixaram de incentivar o projeto do
relógio de sol. Até mesmo os convites freqüentes para almoços de domingo com
eles cessaram, eles estavam me olhando com outros olhos, talvez percebendo
alguma influência que eu tivesse nas escolhas de Marú. Não havia nenhum tipo de
influência que não as correlatas ao nosso projeto, pois eu era assíduo nas
aulas e muitas vezes reprovei Marú por seu comportamento. No verão que sucedeu
as férias de inverno daquele ano, nós começamos a nos afastar por diversos
motivos. Nossos outros interesses começaram a divergir de forma um tanto
vertiginosa, com Marú preferindo as saídas noturnas, que eu ainda não podia
acompanhar, já que era mais novo e eu tendendo a me envolver com as garotas da
minha faixa etária e com a curtição de discos de rock, que vinham de maneira
muito profunda influenciando meus amigos, incrivelmente Marú não embarcou nessa
viagem. No ano seguinte não mais nos falamos e Marú mudou de cidade, ficando
apenas a casa grande madeira onde moravam. Essa casa se preservou quase que da
mesma forma, habitada por diversas outras famílias por mais de quarenta anos,
vindo a ser demolida somente a pouco mais de cinco anos, época em que voltei a
fazer contato com Marú através das redes sociais, mas de forma diferente e mais
distante do que antigamente, nem sequer tocamos no assunto “relógio”, que antes
tão importante, agora apenas fazia parte da miríade de lembranças que nossa
memória regulamente regurgita conforme aprofundamos nossa nova interação.
Naqueles tempos da juventude e de nosso projeto de relógio de
sol, Marú e eu tínhamos escolhido uma grande pedra que existia no seu quintal,
grande mesmo, de cerca de um metro de altura e uns quatro de diâmetro aparente,
e havíamos esculpido com cinzel e marreta no seu topo, um grande círculo do
tamanho de um prato, que viria a ser uma das fases do nosso relógio de sol, e
que ficou inconcluso para sempre. Um grande sulco, profundo o suficiente para
perdurar enquanto a grande pedra durasse.
Quando fui trabalhar em uma construtora da cidade, soube que
o terreno onde era a casa de Marú foi adquirido e que lá seria construído um
grande prédio de apartamentos, tirei uma tarde e desci até o local. Tudo em
volta estava igual, as duas ruas da esquina, o colégio e o casario, tudo
igual, não ser pelo novo pavimento das
ruas, que agora era de asfalto, feito em
cima dos velhos e brilhantes paralelepípedos de outrora. O terreno estava
cercado por um grande tapume de obra, com o logo da empresa por toda a parte.
Acessei o portão principal, e de lá mesmo avistei a pedra, intacta, igual,
atravessando os anos e nossas vidas de forma indelével, inexorável como o
tempo. Me posicionei primeiramente, do lado oposto ao da cavidade onde havíamos
feito a escultura, tentando de alguma forma preterir aquele encontro, dizendo
para eu mesmo:
_Não, isso foi um sonho, não está lá...
Mas estava, um pouco diferente, mas estava, com liquens
ocultando parte do desenho tão simetricamente esculpido. Ouvi as risadas
daquele dia, senti o contato da brisa no rosto e vi o largo sorriso alvo de
Marú, seu cabelo preto crespo como uma bandeira tremulando no vento da
primavera e sua pele morena, saudável e viçosa a brilhar, com o suor escorrendo
pela testa. Lembrei do arroz branco de
dona Leda, sua mãe e do jeans novo que sua irmã desfilou um dia para nós. Vi o
carro da família na garagem e o cachorro Bobby pulando de um lado para o outro.
Senti até mesmo o calor daqueles dias de longas pedaladas e o cheiro das
revistas na estante da garagem. Eu vi a
vida a se derramar através dos anos e os caminhos que as vidas tomam. Bem como o
som dos pássaros no velho cinamomo e as risada grave e bem humorada do pai de
Marú. Quando dei por mim estava em lágrimas diante da pedra, absolutamente
comovido em saber, que o relógio de sol que projetamos funcionou, mesmo que de outra forma.
domingo, 13 de agosto de 2017
Tempos idos
Fotografia que retrata a família de minha mãe, provavelmente meu avô João de Deus Barbosa (na cerca) e a esquerda minha avó Otília, minha tia Iná e minha mãe (a menor). Início da década de 1920, em Barra do Ribeiro.
sábado, 29 de julho de 2017
Rolling Stones - Black and Blue - 1976 (Pra não dizer que não falei nos Stones)
Os Rolling Stones são geniais, ninguém pode negar. Depois de "Some Girls" (1978) e "Tatoo you" (1981) (não vamos citar o álbum de 80, não vale a pena) ninguém mais procurou memorizar ou lembrar o nome dos álbuns deles, nem sequer o nome de uma música, não é mais preciso, todo mundo já sabe que eles são geniais e a música deles é quase onipresente, e apesar desse desleixo dos fans, os álbuns venderam sempre milhares de cópias, mesmo tendo sido comprados para ficarem juntos na estante ao lado dos álbuns anteriores aos dois primeiros citados, sem serem sequer ouvidos. Voltando mais para trás ainda, ouve um período que os RS contaram com a ajuda de um grande guitarrista, estudioso, avesso a festas e completamente caretão no quesito drogas e afins. Mick Taylor gravou com os Stones os melhores álbuns da fase pós Brian Jones, não há dúvidas: "Sticky Fingers" (1971), "Exile on Main St." (1972), "Goats Head Soup" (1973) e o esplendoroso "It's Only Rock 'n' Roll" (1974). Taylor passou incólume todos esses anos ao lado dos Glimmer Twins, assistiu de camarote a esculhambação mental e física pela qual viu Keith Richards passar enquanto gravavam "Exile.." em Nellcôte na França, ficava horas esperando no porão da mansão que Richards acordasse do torpor da heroína, e descesse ao estúdio a hora que bem entendesse, e como um bom menino, dedilhava a guitarra a espera que Mick Jagger chegasse de ressaca de alguma discoteque para colocar alguns vocais sobre as bases que aos poucos iam ficando semi prontas. Brincava com Marlon Richards nos jardins da Vila Nellcôte por horas enquanto uma dúzia de técnicos chapados riam e tentavam ligar alguns amplificadores. Mendigou para que seu nome aparecesse nos créditos daquele trabalho, não conseguiu, não conseguiu sequer ser um Rolling Stone, sempre foi um músico contratado, mas mesmo assim gravou mais dois álbuns com os Stones, deu o máximo de sua técnica, e está tudo lá registrado para quem ouviu profundamente os dois álbuns seguintes - solos irretocáveis, ritmos imprescindíveis, slides estonteantes e violões sublimes, mas nem um crédito, nada, apesar de ter composto todas as partes de guitarra que tocou, sua insatisfação crescia. Nas tours mal conversava com os demais Stones, que nessa época viviam em festas e tinham já aderido ao jet set milionário que cercava o mundo do rock, mas tudo tem limite e antes do começo das gravações de "Black and Blue" pulou fora com os trocados que lhe cabiam. Jagger e Richards nem prestaram atenção, nem o viram partir, os agentes cuidaram da rescisão. Eles já estavam de olho em um cara, que era a "cara" deles, drogado, chupado pela cocaína e heroína, festeiro e de sexualidade ambígua como eles, um cara de uma outra banda de freaks, uma tal de Faces, nosso amiguinho era um tal de Ron Wood, bom guitarrista, cheio de truques que poderia dar vida nova ao grupo, que só com a guitarra do Keith Richards não renderia, a menos que fossem se tornar uma banda cover de Chuck Berry, e ele veio, veio e ficou pra sempre. Mas no mundo dos negócios a maquina não pode parar, e eles já vinham compondo e gravando o novo trabalho com dois outros guitarristas, (Jeff Beck, Peter Frampton e Rory Gallagher já haviam sido sondados sem sucesso), conseguiram fechar com Harvey Mandel - guitarra em "Hot Stuff" e "Memory Motel" e Wayne Perkins - guitarra em "Hand of Fate", "Memory Motel", e "Fool to Cry", Ron Wood já como membro oficial dos RS, gravou guitarras em "Cherry Oh Baby", "Crazy Mama" e "Hey Negrita", e backing vocals em "Hot Stuff", "Hand of Fate", "Memory Motel", "Hey Negrita", e "Crazy Mama", tendo o álbum levado dois anos para ser gravado. Daí em diante Wood nunca mais se desligou do grupo, virou uma espécie até de reconciliador, nas intermináveis intrigas entre Jagger e Richards. Mas como diz o ditado "amigos, amigos, negócios a parte" só veio a ser um membro participante dos lucros da banda quando o baixista Bill Wyman deixou o grupo em 1993. Os fans dos RS, sabem de cor e salteado o none de cada canção desse álbum, o primeiro com Ron Wood, o "Ronnie" como é carinhosamente chamado, o mais simpatico e bem humorado Stone.
quinta-feira, 27 de julho de 2017
Cerração
Guaiba tem uma característica muito bonita. Nas épocas de invernos é comum que a parte ribeirinha da cidade, seu centro e arredores sejam tomados por um intenso nevoeiro vindo dos lados da lagoa. A noite fica muito pitoresco caminhar pelo "fog" nas ruas da cidade. Abaixo uma fotografia do dia de hoje, 27/07/2017, por volta das 16:00 h. em uma tarde de muito frio e forte nevoeiro.
domingo, 16 de julho de 2017
Questões de Convivas
Assim doce de doce se apossa, e amargo sobre amargo corre,
azedo sobre azedo vai, e quente monta em quente.
Plutarco IV, 1,3 p.663 A.
Pintura com espátula, óleo sobre tela de Leonid Afremov
Questões Físicas
o que se vê em cavernosos antros.
Plutarco, 39.
Da Sensação
Como quando um pensamento em sair apronta uma lanterna, por tormentosa noite de flama de fogo brilhante, dispensa contra os ventos todos transparentes placas, e estas o sopro dos ventos impelidos dispersam, mas a luz atravessando fora, quanto mais sutil é, rebrilha na soleira com infatigáveis raio; assim então em membranas retido primitivo fogo em finos tecidos emboscava-se, menina em redoma, e por passagens eram perfurados, maravilhosas.
Aristóteles, 2 p.437 b 23.
segunda-feira, 10 de julho de 2017
sábado, 24 de junho de 2017
Fotografias de Viagem
Em 1982 ganhei algumas fotografias da viagem que o Sr. Fernando Worm e sua esposa fizeram pelo Brasil. Fotos pequenas e em preto e branco que ficaram guardadas comigo dentro de livros que eu tinha, eram umas dez, mas até agora consegui recuperar apenas três, estou procurando as demais. As duas de cima são vistas da cidade de Olinda, desde seu mirante. A de baixo são flamingos no zoológico do Rio de Janeiro. As fotografias são datadas de 1946.
quarta-feira, 14 de junho de 2017
Hotel Zimmer - Balneário Alegria - Guaiba/RS (data desconhecida)
Localizado onde hoje é o final da Av. Alegria no balneário de mesmo nome, o Hotel Zimmer foi importante local de hospedagem de veranistas que chegavam até Guaiba através da travessia efetuada por barcos a vapor. Com o decorrer dos anos e o abandono das praias da costa doce devido a poluição, o velho hotel se degradou até o quase desaparecimento total, a não ser por ainda estarem de pé algumas paredes e parte do telhado, que servem de alojamento de algumas famílias que incorporaram às ruínas novas e precárias construções. No local ainda se desenvolveu nas últimas duas décadas um imenso amontoados de casas e barracos onde vive uma comunidade completamente desassistida pela administração municipal, em um local sem quase nenhuma infraestrutura e sem o mínimo saneamento.
segunda-feira, 12 de junho de 2017
Vila Elza - Guaiba - Anos 1980
Mesmo em épocas de nem tão boa balneabilidade, as praias da orla de Guaiba eram pontos certos para encontro de famílias e amigos. Nas fotos abaixo, banhistas brincam e se refrescam nas águas da praia da Vila Elza, no início dos anos oitenta, no local onde era o velho atracadouro do vapor que fazia a travessia Guaiba - Porto Alegre.
Fotos: Acervo Pessoal Claudia Jung.
quinta-feira, 1 de junho de 2017
Creedence Clearwater Revival – Chronicle vol. I e Vol. II – 1976/1986
O Creedence Clearwater Revival foi formado oficialmente em
1967, mas John e Tom Fogerty (guitarras e vozes) mais Doug Clifford (baixo) e
Stu Cook (bateria) já vinham tocando juntos usando outros diversos nomes desde
1959. No período que compreendeu a vida produtiva da banda eles gravaram sete
álbuns de grande sucesso em suas épocas e que se tornaram clássicos definitivos
até hoje. “CCR” (1968), “Bayou Country” (1969), “Green River”
(1969), “Willy and The Poor Boys” (1969), “Cosmo’s Factory” (1970), “Pendulum”
(1970) e “Mardi Grass” (1972), esse ultimo já sem Tom Fogerty, que deixou o
grupo devido a desavenças com o irmão. Todos os álbuns receberam certificações:
quatro deles disco de multiplatina, dois deles disco de platina e um, disco de
ouro. Tinham composto e lançado oficialmente 62 canções ao longo de meros cinco
anos de carreira, quando acabaram oficialmente. Deixaram ainda registrados dois
shows memoráveis que entraram para a história do rock and roll: “The Concert”
gravado em janeiro de 1970 no Oakland Coliseum na Califórnia, lançado em
dezembro de 1980 e “Live in Europe”, gravado já como um trio durante a excursão
européia para divulgação do álbum “Mardi Grass”. Esse último show captura o CCR
em grande forma, apesar da falta de uma das guitarras, John Fogerty toca e
canta em uma de suas melhores apresentações ao vivo, dominado voz e guitarras
de forma comovente. Gravado provavelmente no Hammersmith Odeon em Londres, em
duas noites, 4 e 28 de setembro de 1971.
Em fevereiro de 1972 excursionaram pela Austrália,
em março lançaram um single com as músicas “Some days never comes” e Tearin’ up
the country” e em julho daquele ano anunciaram o fim do grupo.
Tom Fogerty logo após deixar a banda iniciou uma
longa carreira solo, vindo a falecer aos 48 anos em 06 de setembro de 1990. Os
demais membros continuam vivos, gravando e tocando pelo mundo todo. John
Fogerty como artista solo, Clifford e Cook com o projeto “Creedence Clearwater
Revisited”.
sexta-feira, 5 de maio de 2017
domingo, 30 de abril de 2017
Sonho nº 1 - A Estrada
Estou com minha bicicleta e alguns conhecidos em uma cidade que conheço, mas com algumas diferenças, me despeço e digo que está ficando tarde e preciso pegar uma estrada alternativa que eles dizem desconhecer. Eu sei em qual direção seguir, mas em algum ponto estranho o lugar e resolvo perguntar a alguns moradores pela tal estrada, não sou muito bem recebido e todos dizem que a tal estrada é muito antiga e está fechada a muitos anos. Não desisto e sigo em determinada direção em um declive extenso. Chego em um ponto onde há uma grande barragem de açude e dois pescadores estão colocando um terceiro homem em um buraco cheio de água, desconfio que o homem está morto e dou meia volta, desconfio que estou sendo perseguido por eles em uma estrada com muito barro e acabo entrando em uma velha olaria no caminho. Em meio a muita madeira e equipamentos velhos e parados vejo alguns gatos circulando na poeira. Sinto a presença de uma menina, mas ela não aparece, com certa dificuldade e em meio a poeira acabo achando um caminho, uma estrada de chão batido, com duas trilhas que levam até uma ponte destruída e barrada por uma cerca de arame farpado do outro lado, paro no pé da ponte e fito o outro lado. Depois da ponte a estrada segue me meio a um descampado com algumas árvores, um lugar muito verde e bonito com a natureza bem preservada e abundante. Agora a menina, muito bonita posso, posso vê-la, está ao meu lado que apontando para a frente diz: _ Essa é a estrada. E sorri maliciosa.
A seguir uma intensa movimentação do outro lado, muitos animais pré históricos aparecem vindo na direção da ponte, a noite está chegando rápido, mas o dia claro mostra o contrário. A menina me olha com sensualidade e sorri novamente, com o dedo médio na boca simulando roer a unha. Acho engraçado, o barulho da água é agradável, e os animais parecem tranquilos, acordo e tento dormir para continuar o sonho, estou curioso em em meio a madrugada calma.
sexta-feira, 31 de março de 2017
quinta-feira, 30 de março de 2017
Putinha do Ermo II (erótico)
Os lábios mais carnudos que conheço pertencem a putinha do ermo. Sempre entreabertos, úmidos e disponíveis eles me fazem enlouquecer de prazer, com seu toque aveludado, lubrificado e deslizante. Os lábios da putinha do ermo são torqueses de pelúcia que apertam sem machucar, antes pelo contrário, são de uma suavidade estonteante. Quando os lábios da putinha do ermo me tocam, sinto calafrios, seguro sua cabeça com as duas mãos com delicadeza no delicioso vai e vem que ela realiza. Invariavelmente nossa relação é de minutos, que tento prolongar o mais que posso. O toque morno e aconchegante dos lábios da putinha do ermo são o meu vício, quero sentir seu contato, sonho com seu contato. Ontem nosso encontro foi maravilhoso, mal cheguei e recebi seu toque delicioso, sua língua me acariciou, me lambeu, me envolveu, me apertou e em segundos eu derramava meu prazer, que lhe escorreu pelos seios como uma cascata densa e viscosa. A putinha do ermo só se recusa a beijar na boca.
quinta-feira, 16 de março de 2017
Já Vai Terminado o Verão.
O inverno tem seus encantos, não se deve negar, mas o verão é a estação da vida, onde tudo brota sem parar. Em qualquer lugar a vegetação exuberante se apresenta, os dias são longos e as pessoas estão mais disponíveis. As noites, mesmos as mais tórridas são agradáveis, o cheiro das flores e das folhagens fazendo suas trocas gasosas enchem as ruas, o céu é limpo e a vida mais fácil.
Costumo nas folgas, nas longas tardes de verão sair de bicicleta, parar em locais ermos, sombras convidativas e ali passar horas ouvindo música. Gosto também de ficar na margem do lago que margeia minha cidade, passar longos tempos admirando a paisagem e o barulhinho refrescante da água batendo nas pedras. Costumo frequentar a muitos anos um local bem isolado da margem do lago, distante cerca de quatro quilômetros, em um antigo ancoradouro e ali passar horas nadando como vim ao mundo. O contato da água com o corpo nu é maravilhoso e energizante, e só saio da água quando a pele começa a enrugar de tanto ficar alí, nadando, mergulhando e me divertindo. Algumas pessoas, muito raras também se refrescam nesse local, e nenhuma se importa com a nudez alheia, pois como não existe uma praia propriamente dita, pois são pedras nessa margem, as pessoas se despem e logo entram na água, e ninguém está ligando para isso, apenas com a possibilidade maravilhosa de um banho natural. A água está limpa nos últimos anos, apesar de ainda não ser a ideal para o banho, está a contento, fresca e convidativa. Estamos a menos de uma semana do fim do verão, creio que o aproveitei bem e anseio pelo próximo. Carreguei as bateria para aguentar o longo inverno sulino, a tarde foi muito boa, parece que a última desse verão, até o próximo!
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017
A Casa de Madalena
Fomos muito felizes na casa de
Madalena, uma casa alegre de gente simples, dessas que quase não existem mais.
Era uma casa pequena, bonita feita de madeira em um belo terreno de esquina em
um lugar muito bonito. A casa era cercada de árvores com sombras frescas e um
jardim bem cuidado, um lindo e alto coqueiro se erguia em um dos cantos do
jardim. A casa era bastante antiga e não tinha mais cor de tinta alguma,
somente o cinza envelhecido das tábuas de madeira, resistentes aos anos. O tipo
de construção era das antigas casas de praia, com duas águas em uma cumeeira
invertida, onde as duas partes convergem de fora para dentro, do mais alto para
o mais baixo até a calha central que canaliza a água, coisa bastante comum em
décadas passadas.
Nos longos dias de nossas
juventudes, costumávamos depois das aulas nos reunirmos no alpendre da casa de
Madalena, ou nas sombras das arvores de fronte, tomando chimarrão, ouvindo
música, jogando, cantando e discutindo planos, marcando partidas de handball e
rindo muito. Alí se trocava olhares, paqueras, toques sutis de mãos, abraços
efusivos, primeiros beijos e muita amizade, sempre dentro do respeito a casa e
a família de Madalena. Também nas quentes noites de verão, aos sábados nos encontrávamos
lá, concentrados para as discotecas, as noitadas divertidas e saudáveis, as
longas caminhadas em turmas, depois a volta e a dispersão e tudo se renovava na
segunda-feira. Outro dia passei por lá, a casa não existe mais, foi demolida,
mas as árvores, os muros o velho coqueiro ainda estão lá...me deu um nó no
peito, parei e fiquei observando por alguns instantes, cheguei mesmo a ouvir as
risadas dos amigos, das meninas e enxerguei aquela linda turminha de
adolescentes, todos de abrigo esportivo azul marinho de uma mesma marca, aquela
das três listras, assim como os tênis brancos. Fomos muito felizes na casa de
Madalena.
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