A verdadeira obra de arte de Jimi Hendrix encontra-se em seus discos de
estúdio, pois era ali que ele passava a maior parte de seu tempo,
experimentando como um alquimista ávido pelas novidades tecnológicas que
iam surgindo, usando o estúdio como a um grande instrumento extensão de
sua criatividade e da sua genialidade. Depois do assombroso início
fonográfico com o inovador e estonteante “Are you experienced?” de 1967
onde usou e abusou dos efeitos de delay, eco e das passagens
piradíssimas de estéreo, somadas à inversão de fitas e outras colagens
boladas pelos técnicos para dar luz as invenções musicais do mestre, ele
partiu para as composições mais inspiradas de sua vida. Baladas
baseadas em soul music em camadas e mais camadas de guitarras
harmonizadas de forma absolutamente geniais. Blues rock com o peso de
sua mão sobre a strato e rocks espaciais de tirar o fôlego compõem o seu
“Axis: Bold as Love”, também de 1967. Depois ele começou a construir
um super estúdio em Nova York onde pretendia passar os seus dias
gravando e produzindo seu trabalho, nesse meio tempo gravou o badalado
álbum duplo “ Electric ladyland” de 1968, com um quantidade enorme de
músicos amigos, mostrando que sua arte caminhava para um outro nível em
que a guitarra deixava de ser a voz principal e as composições e
arranjos ganhavam mais espaço. Outro clássico absoluto onde tudo foi
produzido de acordo com o que tinha em mente, com os músicos tocando
exatamente a música que ele ouvia em sua cabeça. Nesse período sua vida
financeira estava um caos, amarrado a contratos mal gerenciados que o
jogaram em um precipício econômico, mais os gastos com a construção do
estúdio Electric ladyland que o estavam comendo por uma perna. Mas o
início dos anos setenta pareciam promissores, após sua apresentação no
festival de Woodstock no final de 1969, começaram a aparecer muitos
shows e trabalho parecia não faltar. Em 30 de maio de 1970 o Jimi
Hendrix Experience subiu no palco do Teatro da Comunidade de Berkeley
para dois shows no mesmo dia e fez aquilo que fazia a vida deles ter
sentido: tocar blues espacial e rocks incendiários para emocionar as
audiências. Jimi tocava como se cada nota viesse de um lugar especial do
coração, da parte mais sagrada do universo. Grande solista, compositor e
arranjador, nesse álbum está registrado grande parte de sua intensidade
musical e de sua genialidade como cantor, que encaixava seu estilo
único de cantar na sua forma peculiar de compor e tocar. Bases
grandiosas e solos cortantes ao lado de seus parceiros Billy Cox (baixo)
e Mitch Mitchell (bateria), no formato de trio ainda, mas que também já
estava com os dias contados nos planos musicais do mestre, visto a
grande banda, Gipsy Sun & Rainbows que o acompanhou em Woodstock.
Não há faixas a destacar, todas são memoráveis, aqui estão todos os seus
sucessos e material de trabalho em shows como “Voodoo Child”, “Purple
Haze”, “Hey Joe” e as mais novas como “Lover Man” e “Hey Baby (new
rising Sun”). Essa é também uma das últimas apresentações de Hendrix,
que morreria em Londres quatro meses depois em setembro de 1970,
precocemente aos 27 anos de idade.
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