Quando o capixaba de Cachoeiro do
Itapemirim, Sergio Sampaio, ficou
conhecido nacionalmente após ter uma de suas músicas classificadas no II Festival
Internacional da Canção – FIC em 1972,
ele tornou-se tão conhecido como qualquer um desses astros imediatistas de hoje
em dia. Todas as casas tinham um compacto do festival com a canção “Eu quero é
botar meu bloco na rua”, as crianças cantavam nas escolas e até nas festas
paroquiais ela soava nos alto falantes, tornando-se assim a marchinha de
carnaval mais tocada nos clubes e rádios durante algum tempo. Depois disso
vieram outros discos, mas, nenhum repetiu o sucesso da canção emblemática e o
astro caiu no esquecimento geral, sendo lembrado apenas por uma legião de
seguidores, que cantavam suas canções e compravam seus discos. Sampaio havia
caído numa região em que muitos artistas nacionais caíram, uma área de sombra
que engoliu grandes talentos, colocando-os fora dos holofotes da mídia e conseqüentemente
relegando-os aos quartos solitários dos audiófilos mais antenados. Foi assim
com Walter Franco, Jards Macalé e Sergio
Dias Baptista. Cada um com a
parcela que cabia nessa punição, alguns sobrevivendo e outros sucumbindo. Até
sua morte em 15 de maio de 1994, Sergio Sampaio
esteve fadado ao esquecimento total, ao apagão e ao ostracismo a que são
jogados os gênios incompreendidos. De lá
para cá algumas coisas mudaram, existem festivais que saúdam sua memória em
vários pontos do país, como o Festival Sérgio Sampaio que
chegou a 12ª edição esse ano (2018), movimentando a cena cultural do Centro de
Vitória durante três dias, com shows, bate-papos e mostras diversas de sua
arte. Erasmo Carlos, Zeca Baleiro e muitos outros artistas de renome finalmente
começaram a gravar suas canções e seu nome voltou a crescer, de forma modesta,
mas, caminhando para recolocá-lo no posto que merece no cenário histórico da
musica popular brasileira.
Foi nesse caminho que o cantor e
compositor Zeca Baleiro retomou um
projeto de 1993 do próprio Sampaio que, antes de sua morte estava ensaiando uma
volta ao cenário, compondo e organizando um novo repertório, que seria lançado
em forma de álbum pelo selo Paulista “Baratos Afins”. Projeto que ficou inacabado por conta de sua morte,
no ano seguinte. Quando Baleiro
conheceu a ex-mulher de Sampaio, Ângela, e ganhou dela uma fita contendo
músicas inéditas, ele começou a buscar por outras gravações inéditas e faz a
recuperação dos respectivos áudios, material que foi então, lançado no CD
“Cruel”, em 2006, que traz violão e voz original com Sérgio Sampaio, e arranjos
de acompanhamento em pós produção trazendo diversos músicos que tinham
afinidades com a música de Sergio Sampaio, como Itacyr Bocato Jr. O Bocato,
trombonista e arranjador. O trabalho traz 14 canções que mostram o brilhantismo
do compositor e sua bela voz, interpretando de forma maravilhosa e emocionante
as suas novas pérolas.
Aos interessados, segue a discografia
oficial de Sergio Sampaio em álbuns, existem compactos com duas canções que
antecedem esses trabalhos.
Sociedade da Gran Ordem
Cavernista Apresenta Sessão das Dez (com Raul Seixas, Miriam Batucada e Edy
Star) – 1971
Eu quero é botar o meu bloco na
rua – 1973
Tem que acontecer – 1976
Sinceramente – 1982
Cruel (póstumo) - 2006
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