Conheci o Marco Porto por volta de 1981, quando voltava a pé seguindo a calçada de chão batido, um trilho ainda, da Av. Nestor de Moura Jardim. Alguém chamou-me e um vulto me alcançou correndo e perguntou:
_Tu és o Chico, né? E então engatamos uma conversa sobre musica popular brasileira. No meio do caminho, Porto me convidou para um churrasco para o qual estava se dirigindo, não foi uma grande festa e, sequer chegamos na hora mas, dali em diante nos tornamos muito amigos, deses que não desgrudam e que vão a todos os lugares juntos. Foram muitas cervejadas, carnavais e vagabundagens diversas.
O Porto, como o chamávamos foi um cara sensacional, piadista, sorridente, mexia com todo mundo e onde estava sempre era o centro das atenções, suas gargalhadas eram muito engraçadas. Também se deprimia as vezes, um dia o encontramos aos prantos, sem saber explicar por que chorava. Ficamos com ele a madrugada toda mas, nunca descobrimos o motivo do choro e também nunca mais tocamos no assunto. Sempre que estávamos juntos, as pessoas diziam que éramos muito parecidos fisicamente, apesar de que o Marco era mais moreno e o cabelo era bastante crespo mas, a cor dos nossos olhos eram bastante iguais e, sempre usamos isso em nossas galanteadas. O Marco tinha uma queda para bebida, algumas drogas e cigarro, tendo fumadomuito até os últimos dias de vida.
Depois que casei em 1987, o Marco se afastou e passei alguns anos sem vê-lo mas, sempre que eu tinha oportunidade o procurava. Foi assim que levei o meu filho já grandinho para conhece-lo e, durante o passar dos anos o visitava em algum lugar, sempre parecia a mesma coisa, nunca mudava. Recentemente após um hiato de cerca de vinte anos, o procurei em sua casa, ainda estava bem, tomamos cerveja e conversamos muito, como sempre sobre música e política em geral. Marco me presenteou com um cd de João Bosco, o "Caça a Raposa" de 1975, em retribuição a uma foto dele com outros amigos que le levei de presente. A foto havia sido postada em uma página de rede social que ele não acessava, ele ficou muito contente. Outro dia, algumas semanas antes de sua morte o encontrei bem diferente, acamado, sem ãnimo e bastante entristecido, a ponto de não desejar que eu ficasse para conversar. Perguntei a ele se gostaria que eu fosse embora? Ele não respondeu mas, eu senti que ele queria ficar sozinho. Nesse dia, mesmo desanimado conversamos sobre filmes e, mais uma vez Marco me presenteou, com o dvd do filme "Inferno no Pacífico", de John Boorman. Recentemente recebi a otícia de sua morte, tardiamente, não fui a seu enterro mas, ontem fui até seu túmulo para fazer uma oração e me despedir.
Descanse em paz, caro amigo.
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