Pesquisar este blog

Generalidades com Especificidade

Generalidades com Especificidade

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Viagem de Cogu

No final do ano de 1976, recebi um bilhete através de meu primo Paulo Ricardo, que viajava a estudo diariamente a Porto Alegre. Vinha de meu amigo Mauro Zenker e dizia simplesmente para eu ir até sua casa, pois sairíamos para comer uns cogumelos. Almocei e fui até a casa do Mauro, distante cerca de tres quilômetros da minha e lá chegando fui recebido por ele, trajando sua bata japonesa vermelha. Pegamos o gravado com algumas fitas  uma carabina de pressão e fomos para o campo nos fundos de sua casa.  Fomos diretamente a um grupo de cogumelos que ele já havia visualizado do ônibus, quando voltava para casa, no dia em que me mandou o tal bilhete. Eu nunca havia comido cogumelos alucinógenos, e ingenuamente até duvidava que produzissem algum efeito, mas para minha surpresa fizeram. Comemos cerca de dois cogumelos cada um, com pedaços de banana para disfarçar o gosto e prosseguimos a caminhada pelo campo em direção a um açude que havia nas proximidades. Passado poucos minutos, eu já sentia alguns efeitos e ao passar um cerca de arames farpado, tentei voar sobre ela, me enganchei todo nas farpas mas não me machuquei, mas vi que algum coia já estava fora do normal, Mauro ria muito com seu sorriso largo e os olhos semicerrados como de costume, Chegamos ao referido açude, e nos deitamos bem ao lado da água, pelo lado de dentro da taipa, ligando o gravado a todo volume tocando a fita k7 do disco machine Head do Deep Purple. As alucinações visuais haviam começado a tempo, e  confesso que não estava me sentindo muito a vontade com elas, fiquei meio inquieto e não conseguia me concentrar na viagem, mas olhando para o Mauro que havia deitado na relva apoiando a cabeça no braço esquerdo e parecia muito calmo (ele era mais tarimbado em viagens desse tipo) eu tentava restabelecer meu contato com a terra. Mas as alucinações se tornaram mais intensas ao som de Space Truncking, que por si só já é uma imensa viagem espacial da banda. Levantei me, sentindo alguma tontura e meio a profusão multicolorida que estava vivenciando, de olhos abertos ou fechados eu via a mesma coisa e isso me apavorava. Convenci o Mauro que a contragosto resolveu que voltaríamos para casa o que fizemos com certa facilidade, pois eu seguia aquela figura disforme por vezes ou que assumia diversas formas, conforme eu pensava e vivia aqueles momentos. Tudo era como num sonho, trechos de filmes, músicas, livros, coisas que eu andava lendo o coisas que eu já havia vivido se misturavam em minha cabela em um ritmo por mim jamais imaginado. Ficamos um pouco na casa do Mauro, isso cerca de duas horas depois de iniciado as alucinações, contando meia hora para comer os cogumelos,  para ir ao açude e voltar, na verdade ficamo muito pouco tempo por lá. Brincamos com uns cachorrinhos novos que o Mauro tinha, escutamos som, mas eu realmente estava muito apavorado, e resolvi que ia embora e mauro daquele jeito foi jogar bola. Eu peguei o caminho em direção ao centro de Guaiba e percorri todo o trecho a mil por hora, minha vida passava e repassava por minha cabeça e eu não tinha muita noção do caminho que tomava, pois estava vivendo uma outra realidade visual, eu estava completamente dominado pelos efeitos da substância e segui o caminho sem rumo, mas no rumo certo. Em determinado lugar, na frente do que é hoje o parque Coelhão encontrei os camaradas que andavam comigo naquele tempo, que logo notaram que eu não estava agindo normalmente, pois po várias vezes tentei atravessar um muro como se ele não existisse, Disseram me depois que questionado eu apenas respondi:
_Cogumelos - Bastou para que sacassem e então me puseram num ônibus e me levaram para casa, não sem antes eu me deitar em uma cama em exposição num loja. Foram bastante responsáveis os meus amigos em atinarem a me levarem para casa, pois sabiam que eu precisaria de algum atendimento e espertamente disseram aos meus pais que eu havia bebido vinho de laranja. Fui levado para o pronto socorro e após muita glicose eu me recuperei, voltando em parte a minha lucidez, dizem que muitas vezes eu repeti a palavra cogumelos enquanto estava n maca recebendo atendimento. Mas naquela época nada se sabia a respeito. E tudo ficou como bebedeira mesmo, apesar do médico estranhar que não havia cheiro de álcool em mim. Depois por vários dias eu sentia ainda ecos do efeito daquela droga, Na verdade um mistura explosiva e perigosíssima de Psilocibina e arsênico que em determinada dose é fatal. Nunca mais botei cogumelos na boca e até hoje quando como eventualmente alguns champions o faço com algum temor. Essa história ficou muito conhecida pelos meus conhecidos e me marcou profundamente.









Nenhum comentário:

Postar um comentário