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Generalidades com Especificidade

Generalidades com Especificidade

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Léa e a Tela em Branco

 
                  Não sei exatamente a quanto tempo Léa estava ali sentada, com os pincéis e a paleta nas mãos, olhando a tela em branco. Eu a observara por mais de trinta minutos e ela continuava imóvel,  o olhar perdido na imensa e parda tela a sua frente. O atelier impecável como sempre: As tintas dispostas em "stands" alinhadas por cor e tamanho, os pincéis mais usados lado a lado em um grande quadro na parede, perto dos novos, esses devidamente guardados dentro dos invólucros de plástico. Recipientes contendo terebentina e outros solventes etiquetados e devidamente indicados como inflamáveis estavam a um canto mais afastado do cômodo, no cinzeiro uma bagana de cigarro ainda fumegava. O olhar de Léa não era por assim dizer um olhar triste, antes senão um olhar contemplativo do criador ante a impossibilidade da criação, o vácuo da inspiração, a suspensão da respiração, o transe. 
Léa vestia apenas uma camisa masculina de musseline,  que lhe caia como uma segunda pele por sobre o corpo quase adolescente e de um alvura angelical. Qualquer um que a avistasse veria tratar-se de uma pessoa que jamais se expunha aos raios do sol. Seus quadris juvenis pareciam maiores assim sentada na banqueta e com a perna esquerda cruzada sobre a outra. A mão direita com a paleta, levemente assentada sobre o colo, deixava a mostra através e além  da linha aberta de botões, um belo, rígido e bem desenhado seio. O pincel segurado entre os dedos indicador e médio, era firmemente travado pela tenaz do  polegar, a mão repousando sobre o joelho esquerdo, denotando o sinistrismo. A depressão formada pelo dois músculos lombares, que começava logo abaixo da nuca entre as espáduas e se prolongava até o início dos sulcos das nádegas era na verdade a visão do paraíso, tal a formosura e sensualidade que transmitia. Vistas assim por trás, Léa e sua tela em branco já eram em si um pintura, de telas pouco entendo, mas é assim que vejo Léa: Como uma tela a ser colorida pouco a pouco, lentamente.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Viagem de Cogu

No final do ano de 1976, recebi um bilhete através de meu primo Paulo Ricardo, que viajava a estudo diariamente a Porto Alegre. Vinha de meu amigo Mauro Zenker e dizia simplesmente para eu ir até sua casa, pois sairíamos para comer uns cogumelos. Almocei e fui até a casa do Mauro, distante cerca de tres quilômetros da minha e lá chegando fui recebido por ele, trajando sua bata japonesa vermelha. Pegamos o gravado com algumas fitas  uma carabina de pressão e fomos para o campo nos fundos de sua casa.  Fomos diretamente a um grupo de cogumelos que ele já havia visualizado do ônibus, quando voltava para casa, no dia em que me mandou o tal bilhete. Eu nunca havia comido cogumelos alucinógenos, e ingenuamente até duvidava que produzissem algum efeito, mas para minha surpresa fizeram. Comemos cerca de dois cogumelos cada um, com pedaços de banana para disfarçar o gosto e prosseguimos a caminhada pelo campo em direção a um açude que havia nas proximidades. Passado poucos minutos, eu já sentia alguns efeitos e ao passar um cerca de arames farpado, tentei voar sobre ela, me enganchei todo nas farpas mas não me machuquei, mas vi que algum coia já estava fora do normal, Mauro ria muito com seu sorriso largo e os olhos semicerrados como de costume, Chegamos ao referido açude, e nos deitamos bem ao lado da água, pelo lado de dentro da taipa, ligando o gravado a todo volume tocando a fita k7 do disco machine Head do Deep Purple. As alucinações visuais haviam começado a tempo, e  confesso que não estava me sentindo muito a vontade com elas, fiquei meio inquieto e não conseguia me concentrar na viagem, mas olhando para o Mauro que havia deitado na relva apoiando a cabeça no braço esquerdo e parecia muito calmo (ele era mais tarimbado em viagens desse tipo) eu tentava restabelecer meu contato com a terra. Mas as alucinações se tornaram mais intensas ao som de Space Truncking, que por si só já é uma imensa viagem espacial da banda. Levantei me, sentindo alguma tontura e meio a profusão multicolorida que estava vivenciando, de olhos abertos ou fechados eu via a mesma coisa e isso me apavorava. Convenci o Mauro que a contragosto resolveu que voltaríamos para casa o que fizemos com certa facilidade, pois eu seguia aquela figura disforme por vezes ou que assumia diversas formas, conforme eu pensava e vivia aqueles momentos. Tudo era como num sonho, trechos de filmes, músicas, livros, coisas que eu andava lendo o coisas que eu já havia vivido se misturavam em minha cabela em um ritmo por mim jamais imaginado. Ficamos um pouco na casa do Mauro, isso cerca de duas horas depois de iniciado as alucinações, contando meia hora para comer os cogumelos,  para ir ao açude e voltar, na verdade ficamo muito pouco tempo por lá. Brincamos com uns cachorrinhos novos que o Mauro tinha, escutamos som, mas eu realmente estava muito apavorado, e resolvi que ia embora e mauro daquele jeito foi jogar bola. Eu peguei o caminho em direção ao centro de Guaiba e percorri todo o trecho a mil por hora, minha vida passava e repassava por minha cabeça e eu não tinha muita noção do caminho que tomava, pois estava vivendo uma outra realidade visual, eu estava completamente dominado pelos efeitos da substância e segui o caminho sem rumo, mas no rumo certo. Em determinado lugar, na frente do que é hoje o parque Coelhão encontrei os camaradas que andavam comigo naquele tempo, que logo notaram que eu não estava agindo normalmente, pois po várias vezes tentei atravessar um muro como se ele não existisse, Disseram me depois que questionado eu apenas respondi:
_Cogumelos - Bastou para que sacassem e então me puseram num ônibus e me levaram para casa, não sem antes eu me deitar em uma cama em exposição num loja. Foram bastante responsáveis os meus amigos em atinarem a me levarem para casa, pois sabiam que eu precisaria de algum atendimento e espertamente disseram aos meus pais que eu havia bebido vinho de laranja. Fui levado para o pronto socorro e após muita glicose eu me recuperei, voltando em parte a minha lucidez, dizem que muitas vezes eu repeti a palavra cogumelos enquanto estava n maca recebendo atendimento. Mas naquela época nada se sabia a respeito. E tudo ficou como bebedeira mesmo, apesar do médico estranhar que não havia cheiro de álcool em mim. Depois por vários dias eu sentia ainda ecos do efeito daquela droga, Na verdade um mistura explosiva e perigosíssima de Psilocibina e arsênico que em determinada dose é fatal. Nunca mais botei cogumelos na boca e até hoje quando como eventualmente alguns champions o faço com algum temor. Essa história ficou muito conhecida pelos meus conhecidos e me marcou profundamente.









segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Paraíso Artificial


A tarde ensolarada e calorenta fazia com que  a umidade do inverno que passara, escorresse  pelas paredes de alvenaria antigas da rua, o cheiro da fumaça dos automóveis misturada aos inúmeros odores dos carrinhos de pipoca e cachorro-quente me embrulhavam o estomago. Caminhei apressado tentando me livrar daquilo tudo, entrei por uma portinhola que dava no pé de uma longa escadaria, onde no topo em uma velha mais bem conservada  escrivaninha uma morena prontificou-se a me atender:
_Boa tarde, quer fumar?
_C..c..como?
_Perguntei se quer fumar! Aqui é uma casa de ópio.
A afirmação me pegou de surpresa, nem sei porque estava ali.
_Quanto é? - Perguntei interessado, ou apenas para dar continuidade a conversa.
_Quinhentas pratas, pague depois a sessão. Disse me segurando pela mão e me conduzindo a uma outra dependência. Notei a bonita decoração em papel de parede floreado com motivos árabes e o intenso cheiro de incenso, chegamos a uma espécie de quarto bastante arejado, as cortinas  balançavam com o sopro de uma briza leve, que no nível térreo não existia. Tinha uma grande sofá com arabescos e filigranas douradas bordadas, com almofadas combinando. No chão  um colchonete de uma alvura ímpar situado ao lado de um  magnífico narguilé prateado com detalhes em relevo davam um tom místico ao ambiente
_Fique a vontade, já volto, se quiser tire a camisa e sirva-se de uma bebida.
Foi então que notei  sob a penumbra em um cantinho finamente decorado, uma mesinha redonda ao lado de um frigobar. Sobre ela diversas garrafas de uísque, camparí, rum e outras bebidas que não identifiquei de imediato.
_Não bebo obrigado.
A fabulosa morena, virou-se e me dirigindo um olhar de canto de olho malicioso e gentil sumiu pela porta afora. Tirei a camisa, os sapatos e deitei-me no colchonete olhando para cima, para o teto do qual oscilava um belo lustre do tipo castiçal e que no lugar de velas tinha lâmpadas bastante suavizadas, destas que possuem um potenciômetro ao lado do interruptor, que regula a luminosidade. Notei que tudo era muito limpo e asseado. Virei a cabeça para  o lado e vi meu rosto distorcido refletido engraçadamente no metal prateado do bojo o narguilé, ao mesmo tempo que a morena que agora estava vestida como um odalisca entrou no quarto portando um caixa em suas mãos. Ajoelhou-se ao meu lado, senti o cheiro do sândalo invadir minhas narinas, seu sorriso era fabuloso, olhos imensos, lábios carnudos e seios fartos, com movimentos ritmados e suaves começou a manipular a caixa que trouxera.
_Fique tranquilo vou preparar o cachimbo - Disse com voz meiga e pausada, apenas concordei com um movimento vertical da cabeça, já que não conseguia desviar os olhos de seu generoso decote. Em segundos senti o cheiro forte do fumo base impregnar o lugar, ela deu uma longa baforada para avivar o queimador, adicionou o ópio, deu uma tragada demorada, segurou-a nos pulmões, soltou, repetiu o movimento e me passou a piteira. Tudo era de uma qualidade impecável. O ópio era suave e do bom, com duas tragadas eu já sentia-me flutuando sobre um colchão de nuvens. Fiquei meio inquieto com a sensação e devo ter feito algum movimento com o corpo.
_Relaxe, vou lhe fazer um massagem. - Consenti com o olhar. Ela começou a acariciar meu peito, suas mãos suaves deslizavam numa carícia inebriante que aos poucos se tornaram uma massagem mais vigorosa, mais não menos agradável. Ajeitando-se ao meu lado, desafivelou minha cinta e baixou minhas calças até os joelhos, untou as mãos com óleo de um pequeno frasco retirado da caixinha, massageando meu tórax em direção ao púbis.  Fiz menção de levantar a cabeça para olhar.
_É óleo de uva, você vai gostar! Fume senão a brasa apaga - Disse sorrindo e me olhando nos fundo dos olhos. Eu ardia mais do que o narguilé. A massagem evoluiu para meu membro, ela o tomou com as duas mãos e suavemente iniciou movimentos que o deixaram em riste. Ela fazia movimentos de masturbação, detendo-se por vezes na glande,  fazia pequenos torniquetes com os dedos indicador e polegar ao longo do membro, enquanto com a outra mão segurava apertando com suavidade meus testículos. O narguilé havia apagado, mas não interessava mais, pois agora eu me concentrava no prazer intenso que a bela me proporcionava. Perdi a noção do tempo e na nuvem que eu estava a uma altura imensurável agora, podia ver imensas listras coloridas no céu, que como um emaranhado de linhas faziam movimentos hipnóticos. Da parte de trás dessas linhas multicoloridas, surgiam dezenas, centenas de pequenos cilindros de diversas tonalidades e  texturas, que assumiam diversas dimensões e a medida que se aproximavam assumiam o  primeiro plano da visão geral, então explodiam em silencio liberando uma quantidade infinita de confetes aveludados que caiam sobre meu rosto como flocos de neve. Depois agrupavam-se novamente e tomavam a direção contrária, para trás das linhas e assim sucessivamente, por um tempo que eu não consegui determinar. Uma música, a que eu mais  gostava, apesar de não identificá-la tocava num looping interminável que fazia eu quase perder a consciência, não fosse a sensação física que a deusa me proporcionava. De repente uma clarão no céu fez com que tudo desaparecesse e por uma fração de tempo tudo pareceu parar, até a minha respiração. Então ondas de eletricidade me percorreram o corpo, senti os músculos enrijecerem e mil relâmpagos e flashes de todas as cores imagináveis e algumas que nunca vi espocavam ao meu redor. Eu parecia me fragmentar e me tornar, ou não me tornar parte daquela plêiade de acontecimentos etéreos que se sucediam numa velocidade vertiginosa.  Finalmente uma onda mais intensa se sobrepôs a anterior, mas de forma diferente, pois tinha uma suavidade e uma espécie de aveludado que não havia na anterior. Era acolhedora e trazia calma, senti-me voltando lentamente, um sabor de vinho bordeaux embotava-me o sentido do paladar, passei a sentir as costas suadas apoiadas no colchonete, o suor me escorria pelo rosto. Minha anfitriã passava uma toalha úmida e morna no meu abdõmem e em toda minha área genital, completamente despudorada segurava meu pênis como o de um bebê, com movimentos muito delicados procedia a higienização de minhas partes. Por certo eu havia ejaculado em proporções diluvianas a julgar pelas sensações indescritíveis que vivenciei. Eu estava meio sonolento, mas vi que ela me cobriu com um tecido fino como uma seda, uma espécie de véu e através dele vi quando seu tornozelo passou rente ao meu ouvido, tilintando uns sininhos de uma tornozeleira dourada. Fiquei assim por  horas talvez. Quando me dei por conta, levantei de sobressalto me recompus e pude ver que tudo estava arrumado e limpo. A cabeça doía um pouco e o corpo estava meio dormente, cambaleante sai pela porta segundo setas indicativas de saída. na mesinha no topo da escada uma senhora muito gorda e com cheiro de alfazema recebeu o dinheiro, me deu um cartãozinho e me indicou a escadaria com um gesto vago da mão, num tom impessoal e reservado. Desci para a rua,  o sol de final de tarde me ofuscou a visão, olhei o cartãozinho que dizia apenas: " Volte sempre ".



segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Tarde em Varadero

Depois do longo e extraordinário orgasmo de Doris Troy em the great gig in tthe sky, finalmente dormi. Acordei com os braços em torno dos joelhos, debaixo de uma frondosa palmeira em uma praia no litoral Cubano. Acho que eram umas 6 horas da tarde e me chegavam aos sentidos o ritmo malemolente de um merengue sendo tocado por uma orquestra típica Caribenha. O horizonte do atlântico se mostrava particularmente calmo naquela tarde, as poucas ondas chegavam em marolas suaves, plácidas como um piano a meia luz em um pub estatal obscuro e quente de Havana. Subitamente fui tirado de  minha contemplação por uma morena linda, nua da cintura para cima com belos, rijos e fartos seios, onde podia se ver uma tatuagem com meu nome. Não sei que raios aquela garota pensou quando tatuou aquilo em suas lindas protuberâncias físicas. Alcançou-me com um alvo sorriso um coco gelado, com uma canudinho azul com uma espécie de guarda-chuvinha em cima, desses de coquetéis tropicais. Sorriu e sentou-se ao meu lado, ombro nu colado no meu, na branca e fina areia de Varadero. Eu poderia transar com ela a qualquer instante se consentisse. Consentiu.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

O Antúrium


As primeiras gaivotas do dia fazendo enorme alarido sobrevoaram e pousarem na praia, catando seus mariscos na brisa gelada da manhã. A areia já refletia os raios do sol outonal e o cheiro agradável de um oceano limpo chegava até as narinas. Hans abriu os braços espreguiçando-se, depois entrelaçando os dedos atrás da nuca forçou a cabeça para  frente em uma espécie de alongamento, bocejou passando a mão pelos cabelos ralos enquanto o sol surgia atrás de uma nuvem tropical. Caminhou uns dez passos em direção ao mar, parou e girou 180 graus olhando para o lugar de onde acabara de sair, os pés enterrados na areia, fazia movimentos com os dedos sentindo a aspereza dos grânulos a massagearem seus calos. Levantou os óculos acima das sobrancelhas, uma mão coçando a barba por fazer e a outra apoiando o antebraço na altura do cotovelo. O Antúrium, lia-se na tosca placa de madeira sustentada por duas enferrujadas correntes  de ferro, que pendiam do esteio que sustentava toda uma área aberta da enorme construção de madeira a sua frente. A esquerda da entrada em outra placa, essa escrita com giz de cera podia-se ler com alguma dificuldade nos garranchos mal desenhados: “Fechado até a próxima temporada”.
Hans se lembrou das agitadas noites da temporada no Antúrium, quando a musica alta e as risadas tomavam conta do ambiente. Lindas mulheres dançavam e divertiam-se sob o efeito do absinto e da magia das salsas e merengues tocados com entusiasmo pela orquestra de Manolito de la Trinidad. Sorriu ao pensar nos amores tórridos do verão, e  das mulheres que tivera em sua cama no andar de cima do Antúrium, após o término dos trabalhos nas longas madrugadas festivas. Mais a cima à esquerda em uma espécie de promontório, ladeado por centenárias palmeiras, e cercado por enormes muradas de pedra, era possível ver com clareza o solar dos Castelanzza e seu belo terraço, onde passou momentos de muito prazer, ouvindo música, dançando e divertindo-se junto aos proprietários e seu seleto grupo de amigos. As noites no solar dos Castelanzza jamais saiam de sua mente, a música, os jogos, a comida e a bebida farta e a alegria, essas sim não faltavam nunca. Era amado por essa família, não apenas por sua descendência nobre, mas também pelo excelente ópio que costumava presentear aos anfitriões, ópio Chinês que lhe chegava em remessas regulares vindo através do mediterrâneo numa rota exclusiva para a ilha, fora de qualquer linha de investigação. O clima quente da ilha era propício, aos que podiam pagar por bons momentos nos paraísos artificiais, os Castelanzza a tudo podiam e Hans aproveitava a vida dessa forma, consumindo e sendo consumido nesse redemoinho de prazer. Olhou mais uma vez para o Antúrium, precisava de reformas pensou, enquanto virava-se novamente e corria para praia. Como de costume primeiro molhou os pés, depois abaixou-se e com as duas mãos em concha pegou uma porção de água que passou no rosto deixando escorrer pelo peito bronzeado, Correu para dentro d’água por uns metros, quando não pode mais, levantou os braços unindo os polegares com as mãos estendidas para frente e mergulhou vigorosamente nas águas tépidas do Caribe. Foi fundo sentindo cada milímetro de pele em contato com o mar, quando sentiu  a areia fina do fundo, posicionou os pés e flexionando as penas impulsionou-se para cima e para fora d’água. À medida que emergia o verde daquele líquido tornava-se mais claro e brilhante até que viu a luz. Respirou fundo tomando ar, passou as mãos pelo rosto e cabeça tirando o excesso d’água salgada, pode visualizar o bonito contorno de Grapetree Bay. As ainda poucas construções onde se incluíam o Antúrium e o solar dos Castelazza estavam em destaque a sua frente, mas esse último era sobrepujado pelo belíssimo resort do Countessa’s Castle mais acima na colina verdejante. Amanha atravessaria St. Croix para buscar uns peixes no outro lado da ilha, iria a pé vencendo os pouco mais de um quilometro e meio, para tomar alguns martínis no iate clube observando as lindas turistas Francesas. A noite haveria a última  festa da temporada no solar dos Castelanzza, quem sabe não viria acompanhado. A vida sorria para Hans Venizélos, um grego nos trópicos.