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Generalidades com Especificidade

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segunda-feira, 2 de junho de 2014

Uma Rua


Ainda não começou a anoitecer, é quase meio da tarde, e o sol ainda brilha forte, Acredito que a temperatura é amena, mas sopra um vento frio, a gola de meu casaco está levantada e minhas mãos enfiadas nos bolsos, estou caminhando com passos lentos para poder observar tudo que existe em meu redor, tampouco sei como fui parar ali, mas não reclamo disso. È  incrível como posso observar tudo com o mínimo de detalhes e é tudo tão nítido, tanto que não consigo descrevê-los em sua totalidade, visto que são tão diversos e reais. A rua é muito antiga, do século retrasado talvez, mas é muito  bonita. As casas estão um pouco abaixo do nível das calçadas, parecem que foram reformadas há muito tempo atrás, as calçadas  estão muito irregulares e destroçadas e possuem uma cor indescritível entre o ocre e marrom e parecem muito frias, mas  para minha surpresa são extremamente acolhedoras, e meus passos parecem encontrar refúgio em sua superfície. Consigo olhar para o interior das casas que estão quase todas com janelas e portas abertas, mas não  há pessoas,  apesar de movimentos, rádios ligados, televisores, risos e vozes de crianças. Posso ver os velhos sofás com cobertores cobrindo os rasgões, velhas estantes sustentando desgastadas molduras e fotos de famílias. Mas nem todas são antigas, vejo fotos recentes de  crianças, festas e todos os tipos de eventos. Almofadas que parecem preguiçosas ao sol que se infiltra transversalmente, como que olhando para aqueles raios  poeirentos provocados pelo sol iluminando as partículas de poeira suspensas  no ar. Desviando o olhar para o lado oposto ao das casas vejo velhos cinamomos que já sofreram inúmeras podas, e insistem em brotar, e o verde de suas folhas parece incômodo aos meus olhos, contrastando com  a podridão de muitos de seus galhos. Buracos fantasmagóricos em seus velhos caules me causam medo e repugnância ao mesmo tempo, mas olhando novamente sinto um carinho quase pueril por aquelas àrvores.. Paro por um momento e  olho para traz,  e noto que todas as edificações são muito parecidas e alinhadas, notando também que já me aproximo do final da rua, e as casas quase na esquina não são tão juntas e tem árvores visíveis nos fundos, alguns parreirais muito verdes, com cachos de um tipo de uva pequena pendendo de seus emaranhados de gavinhas. O movimento começa a aumentar, dobro a esquina já com saudade daquela rua e olho em frente, uma enorme ponte se vislumbra com caminhos muito amplos e extremamente bem pavimentados, sigo em sua direção. Do alto da elevada posso ver o enorme tapete verde formado pelas copas dos velhos cinamomos. Há poucos minutos caminhava em suas sombras.

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