Ainda não começou a anoitecer, é
quase meio da tarde, e o sol ainda brilha forte, Acredito que a temperatura é
amena, mas sopra um vento frio, a gola de meu casaco está levantada e minhas
mãos enfiadas nos bolsos, estou caminhando com passos lentos para poder
observar tudo que existe em meu redor, tampouco sei como fui parar ali, mas não
reclamo disso. È incrível como posso
observar tudo com o mínimo de detalhes e é tudo tão nítido, tanto que não
consigo descrevê-los em sua totalidade, visto que são tão diversos e reais. A
rua é muito antiga, do século retrasado talvez, mas é muito bonita. As casas estão um pouco abaixo do
nível das calçadas, parecem que foram reformadas há muito tempo atrás, as
calçadas estão muito irregulares e
destroçadas e possuem uma cor indescritível entre o ocre e marrom e parecem
muito frias, mas para minha surpresa são
extremamente acolhedoras, e meus passos parecem encontrar refúgio em sua
superfície. Consigo olhar para o interior das casas que estão quase todas com
janelas e portas abertas, mas não há
pessoas, apesar de movimentos, rádios
ligados, televisores, risos e vozes de crianças. Posso ver os velhos sofás com
cobertores cobrindo os rasgões, velhas estantes sustentando desgastadas
molduras e fotos de famílias. Mas nem todas são antigas, vejo fotos recentes
de crianças, festas e todos os tipos de
eventos. Almofadas que parecem preguiçosas ao sol que se infiltra
transversalmente, como que olhando para aqueles raios poeirentos provocados pelo sol iluminando as
partículas de poeira suspensas no ar.
Desviando o olhar para o lado oposto ao das casas vejo velhos cinamomos que já
sofreram inúmeras podas, e insistem em brotar, e o verde de suas folhas parece
incômodo aos meus olhos, contrastando com
a podridão de muitos de seus galhos. Buracos fantasmagóricos em seus
velhos caules me causam medo e repugnância ao mesmo tempo, mas olhando
novamente sinto um carinho quase pueril por aquelas àrvores.. Paro por um
momento e olho para traz, e noto que todas as edificações são muito
parecidas e alinhadas, notando também que já me aproximo do final da rua, e as
casas quase na esquina não são tão juntas e tem árvores visíveis nos fundos,
alguns parreirais muito verdes, com cachos de um tipo de uva pequena pendendo
de seus emaranhados de gavinhas. O movimento começa a aumentar, dobro a esquina
já com saudade daquela rua e olho em frente, uma enorme ponte se vislumbra com
caminhos muito amplos e extremamente bem pavimentados, sigo em sua direção. Do
alto da elevada posso ver o enorme tapete verde formado pelas copas dos velhos
cinamomos. Há poucos minutos caminhava em suas sombras.
segunda-feira, 2 de junho de 2014
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário