Não sei se a tal super lua está maior que a normal, mas a intensidade do luar nesse momento, é uma das coisas mais espetaculares que já vi. Passamos a pouco por uma estrada rural, paramos para apreciar e lembramos das velhas caminhadas no luar pela estrada do Conde antiga, atravessando o túnel de eucaliptos que começava ali na altura do posto de gasolina na Stª Rita e se ia até a velha ponte de Sans Soucy lá embaixo, no traçado anterior da estrada. A gente ria, dizia que o luar era tão intenso que bronzeava, se enxergava centenas de metros a frente. Depois eu recordei o dia que íamos pela rua Stª Catarina no parque 35, faltou luz durante uma meia hora, ficou ligado apenas um totem imenso luminoso de propaganda que havia nas imediações da prefeitura, como um sentinela, apenas o luminoso e a luz da lua.
Também muitas vezes nos mergulhos insones das madrugadas lembro de noites enluaradas, de conversas na beira do lago ou a volta de um fogo de chão improvisado. São imagens muitas vezes quase oníricas de um tempo já bem distante, mas muito presente. O silencio das noites eram varados por risadas, conversas em tons muito altos, ou então sussurros inaudíveis, tecidos na intimidade de casais de namorados nos momentos fugidios. A lua muitas vezes infiltrava seus raios prateados por entre os galhos das árvores tingindo de alumínio as folhas e esparramando sombras espectrais no chão nu da estrada de terra, ou então nas longas caminhadas pelos descampados, quando já a madrugada se avizinhava, nossa sombra gigante no chão indicava o quão aprofundados nas horas tardias estávamos. Uma pena que isso não exista mais nos dias de hoje, onde o clarão da lua foi substituído pelo ecrã minusculo do smart phone. Doce é a memória, mas amarga é a constatação da impossibilidade de certos eventos se repetirem.