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Generalidades com Especificidade

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quinta-feira, 9 de setembro de 2010

"Cumpadre" Luiz Beretta e seu fiel escudeiro Adiles


A mais de quarenta anos quando morávamos na localidade de Passo Grande, na época 3º distrito do município de Tapes, recebíamos esporádicamente a visita de um amigo e compadre de meus pais. O Sr. Luiz Beretta era um pequeno produtor agrícola,que morava na cidade de Tapes, mas trabalhava durante boa parte do mes em sua pequena Chácara em uma localidade rural prõxima ao sítio de meus pais. Vez por outra recebíamos sua visita, em sua passagem de ida ou na volta para o seu local de trabalho, onde tinha uma cabana que dividia com seu ajudante, um jovem que tinha alguns problemas mentais, mas que era de boa índole e respeitava os preceitos de educação rígidas de seu mestre.

Uma peculiaridade, dessa relação era a de que Adiles, era tratado como se fosse um animal de estimação, a despeito de Luiz Beretta ser um homem de fé, e praticante de religião, mas seu escudeiro nada mais era para ele de que "algo" como um cachorro ou coisa parecido, ao qual não eram dispensados maus-tratos, porém não lhe eram concedidas nenhuma mordomias. Era alimentado e tinha direito a um abrigo fora da casa principal, trabalhava e tinha direito a descanso, e era isso.

Meus pais acolhiam a o compadre Luiz, e o convidavam a participar de nossa mesa de jantar, junto a mim e meus irmãos, ao qual ele aceitava, mas o prato de Ailes era servido em separado e lhe entregue para que comesse na rua. Minha mãe a isso fazia de contra gosto , mas respeitava a vontade de seu compadre, e daquela foram era feito. Após o jantar e uma boa "prosa" Luiz Beretta ia dormir junto a sua carroça, e Adiles dormia por perto como se fosse um cão de guarda, e pela manhã bem cedo partiam ou em busca do local de serviço, ou na volta para a cidade para vender os seus produtos, não sem antes oferecerem a minha mãe uma boa quantia de mandioca, tomates e outras suculentas e saudáveis hortaliças. Quando a carroça emprendia a jornada, eu de minha cama ouvia o tropel e relincho dos cavalos, as ordens dadas a eles pelo condutor da carroça, e logo a seguir quando a carroça já estava dista alguns metros de nossa casa, ouvia o barulho dos pés descalços de Adiles no chão duro e socado da saída na porteira do sítio de meus pais, pois outra peculiaridade, era a de que Adiles jamais subia na carroça de seu mestre, ele como bom "companheiro" seguia em trote similar a de um cavalo, sempre atrás da carroça, e... a pé.